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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O sol da meia noite: 2° Capitulo.


2. Livro Aberto


Eu inclinei as costas contra o banco fofo com neve, deixando o pó seco se refazer em volta de meu peso. Minha pele esfriou para se igualar ao ar envolta de mim, e os pequenos pedaços de gelo pareciam como veludo embaixo da minha pele.
O céu acima de mim estava limpo, brilhante com estrelas, ficando azul em algumas partes, e amarelo em outras. As estrelas apareceram majestosamente, em formas redondas contra o universo negro -uma maravilhosa vista. Requintadamente bonita. Ou melhor, deveria ter sido requintadamente. Teria sido, se eu pudesse vê-las.
Eu não estava ficando nada melhor, já haviam se passado seis dias, seis dias que eu estava escondido no vazio deserto Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade desde o primeiro momento em que fui preso pelo seu perfume.
Quando eu olhei para o o céu estrelado, era como se tivesse uma obstrução entre meus olhos e a beleza dele. A obstrução era um rosto, um rosto humano pouco notável, mas eu não parecia poder baní-lo da minha mente.
Eu ouvi os pensamentos aproximando-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som do movimento era apenas um desfalecido suspiro contra o pó.
Eu não estava surpreso que Tanya havia me seguido até aqui. Eu sabia que ela estava refletindo sobre esta conversa pelos últimos dias, adiando até que ela estivesse exatamente certa do que ela queria dizer.
Ela apareceu há uns 54 metros, pulando até a ponta de uma rocha escura à vista, balançando-se nas solas dos pés   A pele de Tanya estava cinza na luz das estrelas, os seus cabelos louros brilhavam palidamente, quase rosa com mechas avermelhadas. Seus olhos amarelados brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, meio enterrada na neve, e seus lábios se esticaram lentamente formando um sorriso.
Delicadamente. Se eu pudesse vê-la. Eu suspirei.
Ela agachou até a ponta da rocha, as pontas de seus dedos tocando a rocha, o corpo dela girou.
Bola de neve, ela pensou.
Ela se lançou no ar, sua forma tornou-se escura, uma sombra giratória na medida que ela girava entre mim e as estrelas. Ela se curvou até uma bola, assim que ela tocou a a pilha do banco de neve junto à mim.
Um nevoal caiu em cima de mim. A estrelas ficaram pretas, e eu estava enterrado, coberto de cristais de gelo.
Eu suspirei de novo, mas não me movi para me desenterrar. A escuridão abaixo da neve não podia piorar e nem melhorar a visão. Eu ainda via o mesmo rosto.
“Edward?”
E depois a neve voava de novo, assim que Tanya me desenterrou rapidamente. Ela limpou o pó do meu rosto imóvel, não totalmente olhando em meus olhos.
“Desculpa.” Ela murmurou. “Foi uma piada.”
“Eu sei. Foi engraçado.”
Sua boca deformou para baixo.
“Irina e Kate falam que eu deveria te deixar em paz. Elas acham que eu te incomodo.”
“Não mesmo,” Eu assegurei à ela “Pelo contrário, sou eu quem está sendo rude -abominavelmente rude. Eu sinto muito.”
Você está indo para casa, não está? Ela pensou.
“Eu ainda.. não me decidi… totalmente.”
Mas você não vai ficar aqui. Seu pensamento era melancólico agora, triste.
“Não. Isso não parece estar… ajudando.”
Ela fez uma careta. “É minha culpa, não é?”
“Claro que não,” eu menti rapidamente.
Não seja cavalheiro.
Eu sorri.
Eu faço você se sentir desconfortável, ela acusou.
“Não.”
Ela levantou uma sobrancelha, sua expressão estava tão descrente que eu tive que rir. Um curto riso, seguido por outro suspiro.
“Está bem,” eu admiti. “Um pouco.”
Ela suspirou também e colocou o seu queixo sob suas mãos. Seus pensamentos estavam mortificados.
“Você é mil vezes mais amável do que as estrelas, Tanya. É claro que você é bem consciente disso. Não deixe a minha teimosia minar a sua confiança.” eu ri com a impossibilidade disso.
“Eu não estou acostumada com a rejeição,” ela grunhiu, seu lábio inferior se pôs para fora em um atraente beicinho.
“Certamente não,” eu concordei, tentando sem muito sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela se aprofundava por dentre suas milhares de conquistas. Em sua maioria, Tanya preferia os homens humanos – eles eram muito mais populares para uma única coisa, com a vantagem de serem suaves e quentes. E sempre sedentos, definitivamente.
“Succubus,” eu soltei, na esperança de interromper as imagens que surgiam em sua mente.
Ela sorriu, mostrando seus dentes. “A original.”
Diferente de Carlisle, Tanya e suas irmãs descobriram suas consciências lentamente. No final, foi o afeto pelos homens humanos que colocaram as irmãs contra o massacre. Agora os homens que elas amaram… viveram.
“Quando você apareceu aqui,” Tanya disse lentamente. “Eu pensei que…”
Eu sabia o que ela tinha pensado. E eu devia saber que ela ia se sentir assim. Mas eu não estava no meu melhor momento racional naquela hora..
“Você pensou que eu havia mudado de idéia.”
“Sim,” Ela me olhou com cara feia.
“Eu me sinto horrível por brincar com as suas expectativas, Tanya. Eu não queria – Eu não estava pensando. É que eu saí… com um pouco de pressa.”
“Eu imagino que você não vai me contar o porque…?”
Eu me sentei e enrolei meus braços ao redor das minhas pernas, me curvando defensivamente. “Eu não quero falar sobre isso.”
Tanya, Irina e Kate se adaptaram muito bem à vida que elas se comprometeram. Melhor, em algumas maneiras, até do que Carlisle. Apesar da proximidade insana que elas se permitiram a aqueles que deviam ser – e uma vez foram – suas presas, eles não cometeram erros. Eu estava muito envergonhado em admitir minha fraqueza para Tanya.
“Problemas com mulheres?” Ela perguntou ignorando minha relutância.
Eu dei um sorriso obscuro “Não do jeito que você quer dizer”
Então ela ficou quieta. Eu escutei seus pensamentos enquanto ela os mudava, tentando decifrar o significado de minhas palavras.
“Você não está nem perto” – Eu a avisei.
“Uma dica?” ela me perguntou.
“Por favor, esqueça isso, Tanya.”
Ela estava quieta de novo, especulando. Eu a ignorei tentando, em vão, admirar as estrelas.
Ela desistiu depois de um momento de silêncio e seus pensamentos tomaram outra direção.
Se você nos deixar, pra onde você vai, Edward? De volta pro Carlisle?
“Eu não acho que seja possível” Eu suspirei.
Pra onde eu iria? Eu não podia imaginar um lugar em todo o planeta que fosse me interessar. Porque não importa para onde eu fosse, eu estaria indo para lugar algum – eu estaria apenas fugindo.
Eu odiava isso. Quando eu me tornei tão covarde?
Tanya colocou seus braços sobre os meus ombros. Eu enrijeci mas eu não tirei seu braço dali. Ela queria dizer que não havia nada como o apoio de um amigo.
Praticamente.
“Eu acho que você vai voltar.” – ela disse com sua voz pegando um pouco do seu sotaque russo – “Não importa o que seja ou quem seja que está machucando você. Você vai enfrentar isso. Você é esse tipo.”
Seus pensamentos estavam de acordo com as suas palavras. Eu tentei abraçar a visão de mim que ela carregava em sua cabeça. Aquele que enfrenta as coisas de cabeça levantada. Eu nunca duvidei de minha coragem, minha habilidade de enfrentar situações adversas. Até aquela aula terrível de biologia há pouco tempo atrás.
Eu beijei sua bochecha, voltando rapidamente quando ela torceu seu rosto em direção ao meu. Seus lábios já enrugados. Ela sorriu da minha rapidez.
“Obrigada, Tanya. Eu precisava ouvir isso.”
Seus pensamentos tornaram-se petulantes “De nada, eu acho. Eu gostaria que você fosse mais racional sobre as coisas, Edward.”
“Me desculpe, Tanya. Você sabe que é boa demais para mim. Eu apenas… não achei o que eu estou procurando ainda.”
“Bom, se você for embora antes de eu te ver de novo. Tchau,Edward.”
“Tchau, Tanya” – Enquanto eu falava as palavras, eu pude ver isso. Eu podia me ver saindo de lá, de volta para o lugar onde eu gostaria de estar. – “Obrigada – de novo.”
Ela estava em pé num movimento. E depois ela tinha saído, desaparecendo entre a neve. Ela não olhou para trás. Minha rejeição a deixou mais incomodada do que ela já tinha ficado antes, até em seus pensamentos. Ela não queria me ver antes de partir.
Meus lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Tanya, apesar de seus sentimentos não serem tão profundos e dificilmente puros. De todos os modos não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil.
Eu coloquei meu queixo no meu joelho e olhei para as estrelas novamente mesmo estando de repente ansioso para voltar ao meu caminho. Eu sabia que Alice me veria voltando para casa e contaria aos outros. Isso os faria feliz – principalmente Carlisle e Esme. Mas eu admirei as estrelas mais uma vez e tentando ver passado na minha cabeça. Entre eu e o as luzes brilhantes no céu um par de olhos castanhos confusos voltando para mim, me fazendo perguntar o que essa decisão significaria para ela.
É claro, eu não poderia ter certeza que era isso que seus olhos curiosos procuravam. Nem na minha imaginação eu conseguia ouvir seus pensamentos. Os olhos de Bella Swan continuavam questionando e uma não obstruída visão das estrelas continuou a me invadir. Com um leve suspiro, eu desisti. Se eu corresse, eu estaria de volta ao carro do Carlisle em menos de uma hora.
Numa pressa para ver minha família – e para voltar a ser aquele Edward que enfrenta as coisas – eu destruí o iluminado de neves não deixando marcas de pés.
“Tudo ficará bem” – Alice encorajou. Seus olhos estavam sem foco e o Jasper tinha uma mão sob seu cotovelo, a guiando enquanto entrávamos na cafeteria num grupo fechado. Rosalie e Emmett tamparam o caminho, Emmett ridículo como um guarda costas no meio do território inimigo. Rose parecia preocupada também porém bem mais irritada do que protetora.
“Claro que ficará.” – eu grunhi. O comportamento deles era burlesco. Se eu não tivesse certeza de que agüentaria esse momento, eu teria ficado em casa.
A repentina mudança para o nosso normal mesmo na lúdica manhã – havia nevado ontem à noite e Emmett e Jasper tirando vantagem da minha distração para me bombardear com bolas de neve; quando eles se cansaram da minha falta de resposta eles se viraram um para o outro – esse excesso de vigilância teria sido cômica se não fosse tão irritante.
“Ela não está aqui ainda, mas ela virá. Ela não desconfiará se nós sentarmos no lugar de sempre.”
“Claro que nós vamos sentar no lugar de sempre! Pare com isso Alice. Você está me dando nos nervos. Eu ficarei absolutamente bem.”
Ela piscou seus olhos uma vez enquanto o Jasper a ajudava a se sentar e seus olhos finalmente se focaram em minha face.
“Hmm…” ela disse, parecia surpresa. “Acho que você está certo”
“Claro que eu estou!” eu murmurei.
Eu odiava estar no foco da preocupação deles. Eu senti uma certa solidariedade por Jasper lembrando-me das inúmeras vezes que nós o superprotegemos. Ele percebeu de relance meus sentimentos e sorriu.
Irritante, não é?
Eu consenti para ele.
Foi apenas semana passada que esse grande e pardo aposento parecia mortalmente depressivo para mim?
Pareceria quase como um sonho, um coma estar aqui?
Hoje meus nervos estavam firmes – conexões de pianos, intensamente tocados a leves pressões. Meus sentidos estavam hiper alertas, eu vistoriei cada som, cada suspiro, cada movimento do ar que tocaram minha pele, cada pensamento. Especialmente os pensamentos. Só havia um sentindo que eu me recusei a usar. Olfato, é claro.
Eu não respirei.
Eu estava esperando escutar mais sobre os Cullen nos pensamentos do que realmente aconteceu. Todo o dia eu estive esperando, procurando por cada novo pensamento sobre Bella Swan ter confessado, tentando ver que direção a nova fofoca que seguiria. Mas não tinha nada. Ninguém notou que havia 5 vampiros no refeitório, exatamente como antes da nova garota entrar. Muitos humanos aqui ainda estavam pensando sobre aquela garota, os mesmos pensamentos da semana passada. Em vez de estar inalteravelmente entediado, eu estava fascinado.
Ela não tinha falado nada para ninguém sobre mim?
Não tinha nenhuma chance de que ela não tivesse percebido meu obscuro, assassino brilho. Eu a vi reagir a isso. Óbvio, eu assustei aquela tola. Eu estava convencido de que ela havia mencionado isso para alguém, talvez até tivesse exagerado na história um pouco para fazê-la melhor. Atribuindo-me alguns traços ameaçadores.
E então, ela também me ouvindo tentando cancelar nossas aulas compartilhadas de biologia. Ela deve ter imaginado, depois de ver a minha expressão, se ela tinha sido a causa. Uma garota normal teria perguntado por aí, comparado a sua experiência com os outros, procurado por algum terreno em comum que pudesse explicar o meu comportamento e então ela não se sentiria sozinha. Humanos estão constantemente desesperados por se sentirem normal, por se encaixarem. Para se misturar com os outros ao seu redor, como mais uma ovelha sem graça no rebanho. Essa necessidade era particularmente forte durante os inseguros anos da adolescência. Essa garota não devia ser uma exceção à regra.
Mas ninguém tinha dado atenção a nós sentados aqui, em nossa mesa normal. Bella devia estar excepcionalmente tímida, se ela tinha confidenciado com alguém. Talvez ela tenha falado com o seu pai, talvez esse fosse seu melhor relacionamento… Apesar de isso soar improvável, dado o fato de que ela havia passado tão pouco tempo com ele durante sua vida. Ela devia ser mais próxima de sua mãe. Mesmo assim, eu devia passar pelo Chefe Swan alguma hora e ouvir o que ele estava pensando.
“Algo novo?” Jasper perguntou.
“Nada. Ela… não deve ter dito nada.”
Todos ergueram uma sobrancelha com as novidades.
“Talvez você não seja tão assustador quanto você acha que é.” Emmett disse, rindo. “Eu aposto que eu a teria apavorado mais do que ISSO.”
Eu rolei meus olhos até ele.
“Imaginando o porquê…?” ele se surpreendeu com a minha revelação sobre o silêncio único da garota.
“Nós já passamos por isso. Eu não SEI.”
“Ela está vindo,” Alice murmurou então. Eu senti meu corpo ficar rígido. “Tente parece humano.”
“Humano, você diz?” Emmet perguntou.
Ele levantou seu punho direito, girando os dedos para revelar a bola de neve que tinha guardado em sua palma. É claro que ela não havia derretido ali. Ele a apertou em um grumoso bloco de gelo. Ele tinha os olhos em Jasper, mas eu vi a direção de seus pensamento. Alice também, claro. Quando ele abruptamente lançou o pedaço de gelo nela, ela o jogou longe com um leve balançar de seus dedos. O gelo ricocheteou através do corredor da cafeteria; muito rápido para os olhos humanos, e se fragmentou com um agudo barulho na parede de tijolo. O tijolo quebrou também.
As cabeças na esquina da cafeteria todas se viraram para olhar para a pilha de gelo no chão, e se viraram para procurar sua origem. Não olharam para muitas mesas ao longe. Ninguém olhou para nós.
“Muito humano, Emmett,” Rosalie disse de maneira fulminante. “Por que você não soca a parede enquanto estiver perto?”
“Seria mais impressionante se você fizesse isso, baby.”
Eu tentei prestar atenção neles, mantendo um sorriso fixo no meu rosto como se eu estivesse fazendo parte da brincadeira. Eu não me permiti olhar em direção aonde ela estava em pé. Mas isso foi tudo que eu escutei também.
Eu pude ouvir a impaciência de Jessica com a garota nova, que parecia estar distraída, também, permanecendo imóvel na fila em movimento. Eu vi, nos pensamentos de Jessica, que as bochechas de Bella Swan ficaram mais uma vez rosas com o sangue.
Eu respirei curta e rapidamente, pronto para parar de respirar se qualquer traço de seu odor tocasse o ar ao meu redor.
Mike Newton estava com as duas garotas. Eu ouvia as duas vozes, mental e verbal, quando ele perguntou o que havia de errado com a garota Swan. Eu não gostava do modo com os seus pensamentos estavam envolvidos nela, um brilho de suas fantasias já construídas encobriram sua mente enquanto ele a observava ficar surpresa e olhar para cima como se ela tivesse esquecido que ele estivesse ali.
“Nada,” eu ouvi Bella dizer em uma voz baixa e clara. Parecia soar com um sino sobre todos os murmúrios da cafeteria, mas eu sabia que isso era somente porque eu estava escutando de forma tão intensa.
“Eu vou tomar só um refrigerante hoje,” ela continuou enquanto ela se movia para seguir com a fila.
Eu não consegui evitar olhar de relance em sua direção. Ela estava olhando para o chão, o sangue lentamente se esvaindo de seu rosto. Eu olhei para longe rapidamente, para Emmet, que riu agora de um sorriso aflito em meu rosto.
Você parece doente, mano.
Eu re-arranjei minhas feições para parecer mais casual e natural.
Jessica estava imaginando sobre a falta de apetite da garota. “Você não está com fome?”
“Na verdade, eu me sinto um pouco doente.” Sua voz soou mais baixa, mas ainda assim, perfeitamente clara.
Por que isso me incomodava, uma preocupação protetora que repentinamente surgiu dos pensamentos do Newton? O que importava que houvesse um timbre possessivo neles? Não era exatamente da minha conta se Mike Newton se sentia desnecessariamente ansioso por ela. Talvez esse fosse o modo que todos correspondiam à ela. Eu não queria, instintivamente, protegê-la, também?
Antes que eu quisesse matá-la, isto é…
Mas aquela garota estava doente?
Era difícil de julgar – ela parecia tão delicada com aquela pele translúcida… então eu percebi que eu estava me preocupando, também, assim como aquele garoto estúpido, e eu forcei a mim mesmo não pensar sobre a saúde dela.
Sem levar em consideração que eu não gostava de monitorá-la pelos pensamentos de Mike. Troquei para Jessica, olhando cuidadosamente enquanto eles três escolhiam uma mesa para sentar. Felizmente, eles sentaram-se com as companhias usuais de Jessica, uma das primeiras mesas do lugar. Não na direção do vento, assim como Alice havia prometido.
Alice me acotovelou. Ela vai olhar para cá, aja como humano.
Eu trinquei meus dentes por detrás de meu sorriso.
“Se acalme, Edward,” Emmet disse. “Honestamente. Então você matou um humano. Isso é dificilmente o fim do mundo”.
“Você deve saber.” eu murmurei.
Emmet riu. “Você tem que aprender a fazer outras coisas. Como eu faço. Eternidade é muito tempo para ficar rolando na culpa.”
E então, Alice lançou uma pequena mão cheia de gelo que ela havia ocultado na confiante cara de Emmet.
Ele piscou, surpreso, e então sorriu em antecipação.
“Você pediu por isso,” ele disse, enquanto ele se inclinava sobre a mesa e sacudia seu cabelo coberto de gelo em sua direção. A neve, derretendo no cômodo quente, lançou-se de seu cabelo em um denso banho metade líquido, metade gelo.
“Eca!” Rose reclamou, enquanto ela e Alice recuavam da inundação.
Alice riu e todos nós a acompanhamos. Eu podia ver na mente de Alice como ela havia orquestrado esse momento perfeito e eu sabia que aquela garota – eu tinha que parar de pensar nela dessa maneira, como se ela fosse a única garota do mundo – Bella devia estar nos olhando rindo e brincando, parecendo felizes e humanos e de forma tão irreal como uma pintura de Norman Rockwell.
Alice continuou rindo, e segurando a sua bandeja como um escudo. Aquela garota – Bella devia estar nos encarando.
… encarando os Cullens de novo, alguém pensou, prendendo a minha atenção.
Eu olhei automaticamente em direção ao chamado não intencional, percebendo enquanto meus olhos encontravam a sua origem, que eu havia reconhecido a voz – eu a havia ouvido muito hoje.
Mas meus olhos passaram direto por Jessica e se focaram na observação penetrante da garota.
O que ela estava pensando? A frustração parecia aumentar enquanto o tempo passava, ao invés de diminuir. Eu tentei – de forma incerta no que eu estava fazendo já que eu nunca havia tentado isso antes – sondar com a minha mente o silêncio ao redor dela. Minha audição extra vinha naturalmente para mim, sem pedir; eu nunca tive que forçá-la. Mas agora eu estava concentrado, tentando passar por qualquer escudo ao redor dela.
Nada além de silêncio.
O que ela tem? Jessica pensou, ecoando minha própria frustração.
“Edward Cullen está te encarando,” ela sussurrou no ouvido da garota Swan, com um sorriso falso. Não houve nenhuma insinuação de sua irritação invejosa no seu tom. Jessica pareceu ser experiente no fingimento de amizade.
Eu escutei, muito claramente, à resposta da garota.
“Ele não parece irritado, parece?” ela sussurrou de volta.
Então ela havia notado a minha reação selvagem semana passada. É claro que ela havia.
A pergunta pareceu confundir Jessica. Eu vi a minha própria face em seus pensamentos enquanto ela checava a minha expressão, mas eu não encontrei com seu olhar. Eu ainda estava concentrado na garota, tentando ouvir alguma coisa. O meu foco intencional não parecia estar ajudando em nada.
“Não,” Jess disse a ela, e eu sabia que ela desejava poder dizer que sim – como isso a envenenou por dentro, meu olhar – apesar de ela não demonstrar de forma alguma em sua voz: “Ele devia estar?”
“Eu não acho que ele goste de mim,” a garota sussurrou de volta, deitando a sua cabeça em seu braço como se ela estivesse subitamente cansada. Eu tentei entender seu movimento, mas eu só pude fazer suposições. Talvez ela estivesse cansada.
“Os Cullens não gostam de ninguém,” Jess assegurou a ela: “Bem, eles nem se quer percebem alguém o suficiente para gostar deles.” Eles nunca notaram. O seu pensamento foi um rosnado de reclamação. “Mas ele ainda está te encarando.”
“Pare de olhar para ele,” a garota disse ansiosamente, erguendo a sua cabeça para ter certeza que a Jessica a obedeceu.
Jessica sorriu, mas fez o que ela pediu.
A garota não tirou os olhos de sua mesa pelo resto do tempo. Eu pensei – imaginei, é claro, eu não podia ter certeza – que isso foi intencional. Parecia que ela queria olhar para mim. O seu corpo se deslocaria ligeiramente na minha direção, o seu queixo começava a virar, e então ela se repreendia, respirava fundo e olhava fixamente para qualquer pessoa que estava falando.
Eu ignorei a maior parte dos outros pensamentos ao redor da garota, como eles não eram, momentaneamente, sobre ela. Mike Newton estava planejando uma guerra de neve no estacionamento depois da escola, sem parecer perceber que a neve já tinha mudado para chuva. A agitação dos leves flocos contra o teto já tinha se tornado o padrão comum de gotas de água. Ele realmente não conseguia ouvir a mudança? Parecia alta para mim.
Quando a hora do almoço terminou, eu continuei no meu lugar. Os humanos iam saindo, e eu me peguei tentando distinguir o som dos passos dela do som do resto, como se houvesse algo importante ou incomum neles. Que estupidez.
Minha família também não se mexeu para ir embora. Eles esperaram para ver o que eu iria fazer.
Eu iria para a classe, sentar ao lado da garota onde eu podia sentir a fragrância absurdamente potente de seu sangue e sentir o calor de sua pulsação do ar na minha pele? Eu era forte o suficiente para isso? Ou já tinha tido o suficiente para um dia?
- Eu… acho que está tudo bem. – Alice disse, hesitante. – Sua mente está segura. Eu acho que você conseguira agüentar por uma hora.
Mas Alice sabia muito bem a rapidez que uma mente podia mudar.
- Por que arriscar, Edward? – Jasper perguntou. Embora ele não quisesse se sentir presunçoso que eu fosse o fraco agora, eu podia escutar que ele se sentia, só um pouco. – Vá para casa. Vá com calma.
- Qual é o problema? – Emmett discordou. – Ou ele vai ou não vai matá-la. Melhor acabar com isso de uma vez, de um jeito ou do outro.
- Eu não quero me mudar ainda. – Rosalie reclamou. – Eu não quero recomeçar. Estamos quase fora do colegial, Emmett. Finalmente.
Eu estava igualmente despedaçado com esta decisão. Eu queria, queria muito, encarar isso de cabeça do que fugir para longe outra vez. Mas eu também não queria me arriscar muito, também. Havia sido um erro semana passada para Jasper ficar tanto tempo sem caçar; isso era um erro sem propósito também?
Não queria desarraigar minha família. Nenhum deles me agradeceria por isso.
Mas eu queria ir para a minha aula de biologia. Percebi que queria ver o rosto dela novamente.
Foi isso o que decidiu por mim. Essa curiosidade. Estava irritado comigo mesmo por sentir isso. Não tinha prometido que não iria deixar o silêncio da mente da garota me deixar desnecessariamente interessado nela? E mesmo assim, aqui estava eu, ainda mais desnecessariamente interessado.
Eu queria saber o que ela estava pensando. A mente dela era fechada mas seus olhos eram muito abertos. Talvez eu pudesse ver por eles.
- Não, Rose, eu acho que vai ficar tudo bem. – Alice disse. – Está… se firmando. Eu tenho noventa e três por cento de certeza de que nada de ruim vai acontecer se ele for para a classe. – Ela me olhou curiosamente, se perguntando o que havia mudado em meus pensamentos que fez sua visão do futuro mais segura.
Curiosidade seria o suficiente para manter Bella Swan viva?
Emmett tinha razão – por que não acabar com isso, de um jeito ou de outro? Eu iria enfrentar a tentação de cabeça.
- Vão para suas classes. – Eu ordenei, me afastando da mesa. Eu me virei e andei para longe deles sem olhar para trás. Eu podia ouvir a preocupação de Alice, a censura de Jasper, a aprovação de Emmett e a irritação de Rosalie se arrastando às minhas costas.
Eu respirei fundo mais uma vez na porta da sala de aula, e segurei o ar em meus pulmões enquanto entrava no espaço pequeno e quente.
Não estava atrasado.  O Sr. Banner ainda estava se arrumando para a experiência de laboratório de hoje. A garota sentou na minha – na nossa mesa, seu rosto para baixo de novo, encarando o caderno em que desenhava. Eu examinei os rabiscos quando me aproximei, interessado até mesmo nessa criação banal da sua mente, mas eram coisas sem sentido. Só fazendo ondas e mais ondas. Talvez ela não estivesse se concentrando no padrão, mas pensando em outra coisa?
Eu puxei minha cadeira com um barulho desnecessário, deixando raspar no chão de linóleo; humanos sempre se sentiam mais confortáveis quando algum barulho anunciava a aproximação de alguma outra pessoa.
Eu sabia que ela tinha escutado o som; ela não olhou para cima, mas a sua mão errou uma onda no formato que ela estava fazendo, deixando-o desbalanceado.
Por que ela não olhou para cima? Provavelmente ela estava assustada. Eu tinha que ter certeza de deixá-la com uma impressão diferente desta vez. Fazê-la pensar que havia imaginado coisas antes.
- Olá. – eu disse na voz calma que usava quando queria deixar humanos mais confortáveis, formando um sorriso educado com meus lábios que não mostraria nenhum dente.
Ela olhou para cima então, seus atentos olhos castanhos assustados – quase desconcertados – e cheios de perguntas silenciosas. Era a mesma expressão que tinha obstruído minha visão pela ultima semana.
Enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos estranhamente intensos, eu percebi que o ódio – o ódio que eu tinha imaginado que esta menina merecia por simplesmente existir – havia evaporado. Sem respirar agora, sem sentir seu cheiro, era difícil de acreditar que alguém tão vulnerável pudesse justificar ódio.
As bochechas dela começaram a corar e ela não disse nada.
Eu mantive meus olhos nos dela, me concentrando só em suas profundezas questionadoras, e tentando ignorar a cor apetitosa. Eu tinha fôlego suficiente para falar mais um pouco sem inalar.
- Meu nome é Edward Cullen. – eu disse, embora soubesse que ela sabia disso. Era o jeito educado de começar. – Não tive a oportunidade de me apresentar na semana passada. Você deve ser Bella Swan.
Ela pareceu confusa – havia uma pequena ruga entre seus olhos novamente. Ela levou meio segundo a mais do que deveria para responder.
- Como você sabe meu nome? – ela perguntou, e sua voz tremeu um pouco.
Eu devia tê-la realmente assustado. Isso me fez sentir culpado; ela era tão indefesa. Eu ri gentilmente – era um som que eu sabia que deixava humanos mais à vontade. Novamente, fui cuidadoso com meus dentes.
- Ah, eu acho que todo mundo sabe seu nome. – Certamente ela devia ter percebido que ela tinha se tornado o centro das atenções nesse lugar monótono. – A cidade toda estava esperando você chegar.
Ela fez uma careta como se essa informação fosse desagradável. Eu achei que, sendo tímida como ela parecia ser, atenção iria parecer uma coisa ruim para ela. A maioria dos humanos sentia o oposto. Embora eles não quisessem se destacar em uma multidão, ao mesmo tempo eles desejavam um holofote por suas uniformidades individuais.
- Não. – ela disse. – Quer dizer, por que me chamou de Bella?
- Prefere Isabella? – eu perguntei, perplexo pelo fato de que não podia ver para onde a sua pergunta estava levando. Eu não entendi. Com certeza, ela deixou sua preferência clara muitas vezes naquele primeiro dia. Todos os humanos eram incompreensíveis assim sem um contexto mental como guia?
- Não, gosto de Bella. – ela respondeu, inclinando a cabeça levemente para um lado. Sua expressão – se eu estivesse lendo corretamente – estava dividida entre vergonha e confusão. – Mas eu acho que Charlie… quer dizer, meu pai, deve me chamar de Isabella nas minhas costas. É como todo mundo aqui parece me conhecer.- Sua pele ficou um tom de rosa mais escuro.
- Ah. – eu disse indevidamente, e rapidamente desviei meus olhos de seu rosto.
Eu tinha acabado de entender o que as perguntas dela queria dizer: eu tinha escorregado – cometido um erro. Se eu não tivesse escutando as conversar dos outros naquele primeiro dia, então eu teria chamado inicialmente pelo nome inteiro, como todos os outros. Ela tinha notado a diferença.
Eu senti uma dor de desconforto, foi muito rápido para ela perceber meu erro. Bem astuta, especialmente para alguém que deveria estar aterrorizada pela minha proximidade.
Mais se tinha problemas maiores do que qualquer suspeita sobre mim ela estava trancando dentro de sua cabeça.
Eu estava sem ar. Se eu fosse falar com ela de novo, eu teria que respirar.
Seria difícil evitar falar. Infelizmente para ela, compartilhar esta mesa a tornava minha parceira de laboratório, e nós teríamos que trabalhar juntos hoje. Seria estranho – e incompreensivelmente rude – eu ignorá-la enquanto nós fazíamos a experiência. Iria deixá-la mais suspeita, com mais medo…
Eu me inclinei para o mais longe que eu podia dela sem mexer minha cadeira, virando minha cabeça para o corredor. Firmei-me, travando meus músculos no lugar, e então suguei um pulmão inteiro de ar rapidamente, respirando por minha boca.
Ahh!
Era genuinamente doloroso. Mesmo sem sentir o cheiro dela, ou podia sentir o gosto dela em minha língua. Minha garganta de repente estava em chamas outra vez, a necessidade tão forte como a daquele primeiro momento em que eu senti o cheiro dela.
Juntei meus dentes e tentei me recompor.
- Podem começar. – O Sr. Banner comandou.
Pareceu que tomou cada pequena partícula do auto-controle que eu tinha acumulado em setenta anos de trabalho árduo para virar minha cabeça para a garota, que estava olhando para a mesa, e sorrir.
- Primeiro as damas, parceira? – eu ofereci.
Ela olhou para minha expressão e seu rosto ficou vazio, os olhos arregalados. Havia algo de errado com a minha expressão? Ela estava assustada novamente? Ela não falou.
- Ou eu posso começar, se preferir. – eu disse calmamente.
- Não. – ela disse, e seu rosto passou de branco para vermelho outra vez. – Eu começo.
Eu encarei o equipamento na mesa, o microscópio arranhado, a caixa de slides, ao invés de ver o sangue correr por baixo da pele clara. Respirei de novo depressa, por meus dentes, e recuei quando o gosto fez minha garganta arder.
- Prófase. – ela disse depois de um rápido exame. Ela começou a remover o slide, embora ela mal o tinha visto.
- Importa-se se eu olhar? – Instintivamente – estupidamente, como se eu fosse da espécie dela – eu estendi para parar a mão que removia o slide. Por um segundo, o calor de sua pele queimou a minha. Foi como uma corrente elétrica – certamente muito mais quente do que meros 37 graus. O tiro de calor passou pela minha mão e correu pelo meu braço. Ela puxou rapidamente a sua mão debaixo da minha.
“Desculpe-me,” eu murmurei por dentre meus dentes trincados. Precisando de algum lugar para olhar, eu segurei o microscópio e olhei brevemente pelo buraco. Ela estava certa.
“Prófase,” eu concordei.
Eu ainda estava demasiadamente perturbado para olhá-la. Respirando tão calmamente quanto eu podia por dentre meus dentes cerrados e tentando ignorar a sede furiosa, eu tentava me concentrar naquela simples tarefa, escrevendo a palavra no espaço adequado na lâmina do laboratório, e então trocando o primeiro slide pelo próximo.
O que ela estava pensando agora? Como será que ela se sentiu, quando eu toquei a sua mão? Minha pele deve ter parecido gelo – repulsivo. Não me admirava que estivesse tão quieta.
Eu dei uma olhada no slide.
“Anáfase.” eu disse para mim mesmo enquanto eu escrevia na segunda linha.
“Posso?” ela perguntou.
Eu olhei para cima, para ela, surpreso ao ver que ela estava esperando, na expectativa, uma mão metade estendida em direção ao microscópio. Ela não parecia estar com medo. Ela realmente pensava que eu tinha errado na resposta?
Eu não me segurei e sorri com o seu olhar esperançoso no rosto enquanto eu passava o microscópio para ela.
Ela encarou no microscópio com uma vontade que logo desapareceu. Os cantos de sua boca rapidamente desceram.
“Slide 3?” Ela perguntou, sem olhar pra cima do microscópio, mas com sua mão estendida. Eu coloquei o próximo slide na mão dela, sem deixar minha pele chegar perto da dela dessa vez. Sentar do lado dela era como sentar do lado de uma lâmpada. Eu podia sentir conforme eu esquentava aos poucos com a temperatura mais alta.
Ela não olhou para o slide por muito tempo. “Interfase” ela disse de forma casual – talvez tentando com muita vontade – e empurrou o microscópio na minha direção. Ela não encostou no papel, mas esperou que eu escrevesse a resposta. Eu chequei – ela estava certa de novo.
Nós terminamos dessa forma, falando uma palavra por vez nunca nos olhando nos olhos. Nós éramos os únicos que haviam acabado – os outros na aula estavam tendo mais dificuldade com o laboratório. Mike Newton parecia estar tendo problemas se concentrando – ele estava tentando observar Bella e eu.
“Queria que ele tivesse ficado onde ele foi” Mike pensou, me olhando com raiva. Hmm, interessante. Eu não tinha notado que o garoto tinha mantido algum sentimento negativo sobre mim. Isso era um novo acontecimento, tão recente quanto à chegada da nova garota. Ainda mais interessante, eu pensei – para minha própria surpresa – que o sentimento era mútuo.
Eu olhei pra baixo para a garota de novo, perplexo pelo tamanho da devastação e violência que, apesar de comum; sem ameaças aparente, ela estava causando em minha vida.
Não era como se eu não pudesse ver o que Mike estava pensando. Ela na verdade estava bonita…de uma forma diferente. Melhor do que estando bonita, seu rosto estava interessante. Não tão simétrico – seu queixo mais pontudo fora de sincronia com as maçãs do rosto largas; fortemente ruborizadas. – o claro e escuro contraste da sua pele e seu cabelo; e então os olhos. Brilhando sobre silenciosos segredos.
Olhos que de repente estavam perdidos nos meus.
Eu a encarei de volta, tentando descobrir pelo menos um de seus segredos.
“Você está usando lentes?” ela perguntou de repente.
Que pergunta estranha. “Não” Eu quase sorri com a idéia de tentar melhorar minha visão.
“Ah” ela murmurou. “Eu achei que tinha algo diferente nos seus olhos.”
Eu me senti gelado de novo conforme eu notei que aparentemente eu não era o único tentando descobrir segredos hoje.
É claro que tinha algo diferente nos meus olhos desde a última vez que ela tinha olhado neles. Para me preparar para hoje, a tentação de hoje, eu passei o fim de semana inteiro caçando, matando minha sede o máximo possível, mais do que o necessário.  Eu me afoguei no sangue de animais, não que fizesse muita diferença na frente do absurdo sabor flutuando ao redor do ar perto dela. Quando eu olhei para ela por fim, meus olhos tinham estado pretos pela sede. Agora, meu corpo nadando em sangue, meu olhos estavam com uma cor dourada. Castanho-claro, âmbar pelo meu excesso de alimento.
Outro lapso. Se eu tivesse notado o que ela quis dizer com a pergunta, poderia somente ter dito que eram lentes.
Eu sentei ao lado de humanos por quase dois anos nessa escola, ela foi a primeira a tentar me examinar perto o suficiente para notar a diferença de cor nos meus olhos. Os outros, enquanto admiravam a beleza da minha família, tinham a tendência de olhar para baixo rapidamente quando nós olhávamos de volta. Eles sempre se protegiam, bloqueando detalhes das nossas aparências como uma tentativa forte e instintiva de nos entender. Ignorância era uma dádiva para a mente humana.
Por que tinha que ser essa garota que via tanto?
Sr. Banner se aproximou da nossa mesa. Eu agradecido inalei o ar puro que ele trouxe consigo antes que pudesse misturar com o cheiro dela.
“Então, Edward,” ele disse olhando nossas respostas, “você não acha que Isabella deveria ter uma chance com o microscópio?”
“Bella” Eu corrigi ele por puro reflexo. “Na verdade ela identificou três de cinco.”
Os pensamentos de Mr.Banner eram céticos enquanto ele se virava para ela. “Você já fez essa aula antes?”
Eu assisti, envolvido, quando ela sorriu, parecendo um pouco envergonhada.
“Não com raiz de cebola.”
“Ovas de peixe?” ele perguntou.
“Sim.”
Isso o surpreendeu. A aula de hoje foi algo que ele pegou de um curso mais avançado. Ele assentiu de maneira pensante. “Você estava em um programa avançado em Phoenix?”
“Sim.”
Ela era avançada, então, inteligente para uma humana. Isso não me surpreendeu.
“Bem,” o Sr.Banner disse, franzindo o lábio. “Eu suponho que é bom que vocês dois sejam parceiros então.” Ele virou e foi embora murmurando “Para que os outros possam ter uma chance te aprender algo por eles mesmos.”. Eu duvido que a garota possa ouvir isso. Ela voltou a desenhar círculos ao redor da sua pasta.
Dois lapsos em meia hora. Uma demonstração insatisfatória da minha parte. Apesar de que eu não tinha nenhuma idéia do que a garota pensava de mim – quando ela tinha medo, quando ela suspeitava?
Suspeitava? – eu sabia que precisaria me esforçar mais daqui para frente para fazê-la mudar sua opinião sobre mim. Alguma coisa para fazê-la esquecer-se do nosso ameaçador último encontro.
“É ruim essa neve toda, não é?” Eu disse repetindo o assunto que vários outros alunos já haviam discutido. Um tópico habitual e entediante. O tempo – sempre seguro.
Ela olhou para mim, a dúvida óbvia em seu olhar – uma reação anormal para minhas palavras muito normais.
Eu tentei direcionar a conversa de volta a um caminho mais comum. Ela era de um lugar muito mais claro, mais quente – sua pele parecia refletir isso de alguma maneira, apesar de sua palidez – e o frio devia fazê-la se sentir desconfortável. Meu toque gelado com certeza tinha…
“Você não gosta do frio,” eu adivinhei.
“E do molhado,” ela assentiu.
“Forks deve ser um lugar difícil para você viver.” Talvez você não devesse ter vindo para cá, eu quis acrescentar. Talvez você devesse voltar ao lugar de onde veio.
Porém, eu não tinha certeza se era isso que eu queria. Eu sempre me lembraria do cheiro de seu sangue – existia ao menos alguma garantia de que eu não a seguiria? Além disso, se ela fosse embora, sua mente sempre seria um mistério. Um constante e insistente quebra-cabeças.
“Você não faz idéia,” ela disse em voz baixa e me senti carrancudo por um momento.
Suas respostas nunca eram o que eu esperava que fossem. Isso me fez querer fazer mais perguntas.
“Por que você veio para cá, então?” eu reclamei, percebendo que meu tom de voz era muito acusatório, não era casual o bastante para a conversa. A pergunta pareceu rude, intrometida.
“É… complicado.”
Ela piscou seus grandes olhos, não dando maiores informações, e eu quase explodi de curiosidade – a curiosidade queimou tão forte quanto à sede em minha garganta. Na realidade, estava ficando um pouco mais fácil respirar; a agonia estava ficando mais tolerável enquanto eu me familirializava.
“Eu acho que posso agüentar,” eu insisti. Talvez a cortesia comum a fizesse continuar respondendo minhas perguntas tanto quanto eu era rude o suficiente para perguntá-las.
Ela encarou silenciosamente suas mãos. Isso me deixou impaciente; eu queria colocar minha mão embaixo de seu queixo e levantar sua cabeça para que eu pudesse ler seus olhos. Mas fazer isso seria tolice de minha parte – perigoso – tocar sua pele novamente.
Ela levantou os olhos subitamente. Era um alívio poder ver as emoções em seus olhos novamente. Ela falou apressadamente, correndo pelas palavras.
“Minha mãe casou-se novamente.”
Ah, isso era humano suficiente, fácil de entender. A tristeza passou por seus olhos claros e ela enrugou de novo a testa.
“Não parece tão complicado,” eu disse. Minha voz soou gentil sem que eu me esforçasse para isso. Sua tristeza me fez sentir estranhamente impotente, desejando que houvesse algo ao meu alcance para fazê-la sentir-se melhor.
Um estranho impulso. “Quando isso aconteceu?”
“Setembro passado.” Ela expirou pesadamente – nada mais que um suspiro. Eu segurei minha respiração e sua respiração quente varreu meu rosto.
“E você não gosta dele,” eu supus, pescando maiores informações.
“Não, o Phil é legal,” ela disse, corrigindo suposição. Havia a ponta de um sorriso agora nos cantos de seus lábios cheios. “Muito jovem, talvez, mas legal o suficiente.”
Isso não se encaixava com a cena que eu havia construído em minha cabeça.
“Por que você não fica com eles?” eu perguntei, minha voz um pouco curiosa demais. Parecia que eu estava sendo bisbilhoteiro. E eu estava sendo, eu admito.
“Phil viaja muito. Ele joga bola.” O pequeno sorriso cresceu; essa escolha de carreira a divertia.
Eu sorri, também, sem escolher fazê-lo. Eu não estava tentando fazê-la sentir-se à vontade. Seu sorriso apenas me fez querer sorrir de volta – fazer parte do segredo.
“Eu já ouvi falar dele?” eu passei o rosto dos jogadores de baseball em minha cabeça, me perguntando qual deles era Phil…
“Provavelmente não. Ele não joga bem.” Outro sorriso. “Só na menor liga. Ele se muda muito.”
Os rostos em minha mente desapareceram instantaneamente e eu fiz uma lista de possibilidades em menos de um segundo. Ao mesmo tempo, eu estava imaginando uma nova cena.
“E sua mãe te mandou pra cá pra poder viajar com ele,” eu disse. Fazer suposições parecia funcionar mais com ela do que fazer perguntas. Funcionou de novo. Seu queixo ficou proeminente e sua expressão de repente ficou dura.
“Não, ela não me mandou pra cá,” ela disse, e sua voz tinha novo tom, duro e irritado. Minha suposição a havia deixado triste, embora eu não pudesse entender o por que. “Eu mandei a mim mesma.”
Eu não consegui entender seu motivo, ou a razão por detrás de sua tristeza. Eu estava completamente perdido.
Então eu desisti. Essa garota simplesmente não fazia sentido algum. Ela não era como os outros humanos. Talvez o silêncio em seus pensamentos e o perfume em seu cheiro não fossem as únicas coisas incomuns nela.
“Eu não entendo,” eu admiti, odiando ceder.
Ela suspirou, e olhou nos meus olhos por mais tempo do que a maioria dos humanos normais seriam capazes de suportar.
“No início ela ficou comigo, mas ela sentia a falta dele,” ela explicou devagar, seu tom ficando mais desesperado a cada palavra.  “Eu a fiz infeliz, então eu decidi que estava na hora de passar um tempo de qualidade com Charlie.”
A mínima ruga entre seus olhos se intensificou.
“Mas agora você está triste,” eu murmurei. Eu não conseguia parar de falar minhas hipóteses em voz alta, desejando aprender com suas reações. Esta, porem, não parecia tão diferente do normal.
“E?” ela disse, como se esse não fosse um aspecto que merecesse ser considerado.
Eu continuei olhando em seus olhos, sentindo que finalmente eu havia conseguido uma olhadela dentro de sua alma. Eu vi naquela única palavra onde ela havia posicionado ela mesma em sua lista de prioridades. Diferente dos outros humanos, suas próprias necessidades estavam bem abaixo na lista.
Ela era altruísta.
Quando notei isso, o mistério naquela pessoa se escondendo nessa mente silenciosa começou a desaparecer.
“Isso não parece justo,” eu disse. Eu encolhi meus ombros, tentando parecer casual, tentando omitir a intensidade de minha curiosidade.
Ela riu, mas não havia diversão no som. “Ninguém nunca disse a você? A vida não é justa.”
Eu queria rir com suas palavras embora eu, também, não tivesse me divertido. Eu sabia um pouco sobre a injustiça da vida. “Eu acredito que tenha ouvido isso em algum lugar antes.”
Ela olhou de volta para mim, parecendo confusa de novo. Ela desviou os olhos e depois olhou de novo nos meus.
“Então, isso é tudo,” ela me disse.
Mas eu não estava preparado para finalizar esta conversa. O pequeno “V” entre seus olhos, um resto de seu pesar, me perturbava. Eu queria arrancá-la com a ponta do meu dedo, mas obviamente eu não podia tocá-la. Isso não era seguro de varias formas.
“Você faz um belo show,” eu disse devagar, ainda considerando a próxima hipótese. “Mas eu seria capaz de apostar que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem.”
Ela fez uma cara, seus olhos apertados e sua boca se torcendo em um beicinho, e ela olhou de volta para a frente da sala. Ela não gostou quando eu supus corretamente. Ela não era o mártir mediano – ela não queria uma platéia para sua dor.
“Eu estou errado?”
Ela recuou um pouco, mas por outro lado fingindo não me ouvir.
Isso me fez sorrir. “Eu pensei que não.”
“Por que isso te interessa?” ela quis saber, ainda olhando para longe.
“Esta é uma pergunta muito boa,” eu admiti, mais para mim mesmo do que para responder a ela.
Seu discernimento era melhor que o meu – ela estava bem no centro das coisas enquanto eu me debatia cegamente através das pistas. Os detalhes de sua vida muito humana não deviam interessar a mim. Era errado para mim me interessar pelo que ela pensava. Para proteger minha família das suspeitas, pensamentos humanos não eram significantes.
Eu não costumava ser o menos intuitivo em um par. Eu confiei no meu extra “ouvir demais” – eu obviamente não era tão perceptivo quanto eu achei que fosse.
A garota suspirou e ficou carrancuda encarando a frente da sala. Algo em sua expressão frustrada era engraçado. A situação em si, toda a conversa era engraçada. Ninguém nunca esteve tão em perigo por mim quanto esta pequena garota – a qualquer momento eu poderia, distraído pela minha ridícula absorção em nossa conversa me descontrolar e atacá-la antes que eu pudesse me segurar – e ela estava irritada porque eu não havia respondido sua pergunta.
“Eu estou perturbando você?” eu perguntei, rindo do absurdo daquilo tudo.
Ela me deu uma olhadela rapidamente, e depois seus olhos pareceram cair em minha armadilha.
“Não exatamente” ela me disse. “Eu estou mais perturbada comigo mesma. Minha cara é tão fácil de ser lida – minha mãe sempre diz que sou o livro aberto dela.”
Ela franziu as sobrancelhas de mau humor.
Eu olhei para ela me divertindo. A razão de ela estar de mau humor era porque ela pensava que eu vi através dela muito facilmente. Que bizarro. Eu nunca havia me esforçado tanto para compreender alguém em toda a minha vida – ou existência, quando vida não era a palavra adequada. Eu não tinha realmente uma vida.
“Pelo contrário,” eu discordei, me sentindo estranhamente… cauteloso, como se houvesse algum perigo escondido que eu estava falhando em ver. Eu estava subitamente na corda bamba, a premonição me fazendo ansioso. “Eu acho você muito difícil de ler.”
“Você deve ser um leitor muito bom, então,” ela supôs, fazendo sua própria suposição, que estava novamente correta.
“Normalmente,” eu concordei.
Eu sorri largamente para ela, deixando meus lábios retorcerem para expor os cintilantes e afiados dentes atrás deles.
Foi algo estúpido de fazer, mas fiz repentinamente, inesperadamente desesperado para expressar algum tipo de aviso para a menina. Seu corpo estava perto de mim como antes, inconscientemente deslocado no decorrer da nossa conversa. Todos os pequenos marcadores e cantos eram suficientemente assustadores para o resto da humanidade que não viam como trabalhar nela. Por que ela não se encolheu longe de mim com terror? Com certeza ela deve ter visto bastante do meu lado sombrio para perceber o perigo, ela parecia ser intuitiva.
Eu não vi se minha advertência teve o efeito desejado, Mr. Banner disse para a classe ter atenção apenas por aquele momento, e ela recuou para longe de mim ao mesmo tempo. Ela parecia um pouco aliviada por causa da interrupção, então talvez ela tenha compreendido inconscientemente.
Eu esperava que sim.
Eu reconheci o fascinio cada vez maior dentro de mim, mesmo estando cansado para cortá-lo para fora. Eu não podia me dar ao luxo de achar Bella Swan interessante. Ou melhor, ela não poderia se dar ao luxo. Eu já estava ansioso por alguma outra chance de falar com ela… Eu queria saber mais sobre sua mãe, sua vida antes de chegar aqui, seu relacionamento com seu pai. Todos as coisas  sem sentido que poderia acrescentar detalhes ao seu caráter. Mas a cada segundo que eu gastei com ela foi um erro, um risco que ela não sabe que estava correndo.
Distraidamente, ela jogou seu cabelo. Por um momento eu me permiti outra respiração. Uma onda particularmente concentrada de seu cheiro bateu em minha garganta.
Era como o primeiro dia – como a destruição inicial. A dor que queimava e a sede me fez ficar tonto. Eu poderia agarrar a mesa de novo para manter meu corpo na cadeira. Agora eu tinha um pouco mais de controle. Eu não quebraria nada, no mínimo… O monstro rosnou dentro de mim, mas nada comparado com o prazer da minha dor. Ele estava também firmemente amarrado por aquele momento.
Eu parei de respirar completamente, e me inclinei o mais longe possivel da garota o quanto eu pude.
Não, eu não podia me dar ao luxo de achá-la fascinante… A mais interessante coisa que encontrei nela, provavelmente a maior, era aquela que eu poderia matá-la. Eu já tinha cometido dois pequenos erros hoje. Eu poderia cometer um terceiro, que não seria nada pequeno?
Um pouco antes do sinal tocar, eu abandonaria a sala de aula – provavelmente destruindo qualquer impressão de educação que eu havia construído no decorrer da hora. De novo, eu ofeguei por limpeza, o ar de fora estava úmido, como se fosse um perfume de cura. Eu me coloquei apressadamente ao máximo de distancia possível entre a garota e eu.
Emmet estava me esperando na porta da sala de Espanhol. Ele leu minha expressão louca por um momento.
Como foi? Ele perguntou cautelosamente.
“Ninguém morreu,” Eu resmunguei.
Eu achei isso. Quando eu vi a Alice andando por aqui quando acabou, eu pensei
Nós andamos para a sala, eu vi sua memória por apenas alguns momentos antes, vendo pela porta aberta de sua última aula: Alice de rosto desligado andando em direção ao prédio de biologia. Eu senti que na sua lembrança ele sentia vontade de ir lá e se juntar a ela, e quando ele decidiu ficar. Se Alice precisasse de sua ajuda, ela poderia pedir…
Eu fechei meus olhos com horror e desgosto quando eu despenquei na minha cadeira. “Eu não pensei em realizar aquilo quando estava perto. Eu não pensei o que eu estaria fazendo… Eu não vi que aquilo poderia ser tão ruim,” Eu sussurei.
Não foi, ele me re-assegurou. Ninguém morreu, certo?
“Certo,” Eu disse entre os dentes. “Não dessa vez.”
Talvez fique mais fácil.
“Claro.”
Ou, talvez você a mate. Ele deu de ombros. Você não seria o primeiro a fazer besteira. Ninguém te julgaria duramente. Às vezes uma pessoa apenas cheira muito bem. Estou impressionado que você tenha resistido tanto tempo.
“Não está ajudando, Emmett.”
Eu estava revoltado com a sua aceitação da idéia de que eu mataria a garota, de que isso era de algum modo, inevitável. Era culpa dela que ela cheirasse tão bem?
Eu sei quando aconteceu pra mim… Ele lembrou, trazendo à tona metade de um século, para uma rua suja, onde uma mulher de meia idade estava tirando seus lençóis secos de um varal amarrado entre duas macieiras. O cheiro de maçãs era forte no ar – a colheita tinha acabado e as frutas rejeitadas estavam espalhadas pelo chão, os machucados nas suas cascas deixavam escapar as suas fragrâncias como grossas nuvens. Um campo recém cortado de feno era um fundo de paisagem para o cheiro, a harmonia. Ele andou pela rua, tudo menos distraído para a mulher, para entregar um pagamento por Rosalie. O céu lá encima estava púrpura, laranja acima das árvores. Ele teria continuado vagando pelo caminho das carroças e lá não teria nenhuma razão para lembrar daquela tarde, se não fosse por uma repentina brisa que soprou os lençóis brancos como velas e levou o cheiro da mulher até o rosto de Emmett.
“Ah,” Eu suspirei calmamente. Como se a minha própria sede não fosse o suficiente.
Eu sei. Eu não durei nem metade de um segundo. Eu nem pensei em resistir.
Sua memória se tornou muito explícita pra eu agüentar.
Eu fiquei em pé, meus dentes se trincaram forte o suficiente para cortar aço.
“Esta bien, Edward?” Señora Goff perguntou, assustada pelo meu brusco movimento. Eu podia ver o meu rosto na sua mente, e eu sabia que eu parecia longe de estar bem.
“Me perdona,” eu murmurei, enquanto eu me lançava para a porta.
“Emmett – por favor, puedas tu ayuda a tu hermano?” ela perguntou, gesticulando sem solução para mim enquanto eu me apressava pra sair da sala.
“Claro,” eu escutei ele falar. E logo ele já estava bem atrás de mim.
Ele me seguiu até o lado mais longe do prédio, onde ele me alcançou e pôs a sua mão no meu ombro.
Eu empurrei a mão dele pra longe com uma força desnecessária. Teria quebrado os ossos de uma mão humana, e os ossos do braço ligados a ela.
“Me desculpe, Edward.”
“Eu sei.” Eu extraí profundas arfadas de ar, tentando clarear a minha cabeça e os meus pulmões.
“É tão ruim quanto aquilo?” ele perguntou, tentando não pensar no cheiro e no sabor de sua memória enquanto ele perguntou, não tendo muito sucesso.
“Pior, Emmett, pior.”
Ele ficou quieto por um instante.
Talvez…
“Não, não seria melhor se eu acabasse logo com isso. Volte para a sala, Emmett. Eu quero ficar sozinho.”
Ele se virou sem falar nenhuma palavra ou pensamento e caminhou rapidamente. Ele diria para a professora de Espanhol que eu estava doente, ou matando aula, ou um vampiro perigosamente fora de controle. A desculpa dele realmente importava? Talvez eu não voltasse. Talvez eu tenha que partir.
Eu voltei pro meu carro novamente, para esperar o final da aula. Para me esconder, novamente.
Eu poderia ter usado o tempo para fazer decisões ou tentar reforçar minha explicação, mas, como um vício, eu me vi buscando através dos murmúrios de pensamentos que emanavam do prédio da escola. As vozes familiares se destacaram, mas eu não estava interessado em dar ouvidos as visões de Alice ou as reclamações de Rosalie agora. Eu achei Jessica facilmente, mas a garota não estava com ela, então continuei procurando. Os pensamentos de Mike Newton tomaram a minha atenção, e eu acabei achando-a, em um ginásio com ele. Ele estava triste, porque eu conversei com ela na aula de Biologia. Ele estava pensando sobre sua responsabilidade quando algo surgiu do nada…
Eu nunca o vi conversando com ninguém nada mais que uma palavra aqui ou ali. Claro que ele acabou achando Bella interessante. Eu não gosto do jeito que ele olha pra ela. Mas ela não parece estar muito interessada nele. O que ela disse? “Imagino o que ele tinha na segunda passada…” Algo assim. Não parece que ela tenha se importado. Isso não precisava fazer parte de uma conversa…
Ele falou consigo mesmo sobre seu pessimismo daquele jeito, confortado pela idéia de que Bella não estava interessada em sua troca de palavras comigo. Isso me incomodou um pouco mais do que o aceitável, então eu parei de escutá-lo.
Eu coloquei um CD com músicas pesadas no meu som, e então aumentei o som até que não dava pra ouvir mais vozes. Eu realmente tentei me concentrar na música para me manter longe dos pensamentos de Mike Newton, para espiar a garota inocente…
Eu trapaceei algumas vezes, enquanto chegava a hora. Não espiando, eu tentava me convencer. Eu estava apenas me preparando. Eu queria saber quando exatamente iria sair do ginásio, quando ela estaria no estacionamento… Eu não queria pegá-la de surpresa.
Enquanto os estudantes começaram a sair das portas do ginásio, eu saia do meu carro, não sabendo por que eu fiz isso. A chuva estava fraca – eu ignorei isso enquanto ela ia lentamente saturando o meu cabelo.
Eu queria que ela me visse aqui? Eu esperava que ela viesse e falasse comigo? O que eu estava fazendo?
Eu não me mexi, apesar de eu estar tentando me convencer a voltar para o carro, sabendo que o meu comportamento era repreensível. Eu mantive meus braços sobre o meu peito e respirei bem devagar enquanto eu observava ela passar devagar por mim, seus lábios caídos nas extremidades. Ela não olhou para mim. Algumas vezes ela lançou os olhos em direção às nuvens com uma careta, como se eles a ofendessem.
Eu estava desapontado quando ela chegou no seu carro antes de passar por mim. Ela devia ter falado comigo? Eu devia ter falado com ela?
Ela entrou em uma caminhonete vermelha desbotada da Chevy, um monstro robusto que é mais velho que o seu pai. Eu observei ela dar a partida na caminhonete – o motor velho roncou mais alto que qualquer veículo no estacionamento – e então, ela botou suas mãos em direção ao vento quente. O frio era desconfortável para ela – não gostava nem um pouco disso. Ela passou seus dedos pelos cabelos emaranhados, esticando os nós através da corrente de ar quente, como se estivesse secando-o. Eu imaginei como a boléia daquele caminhão deveria cheirar, e então rapidamente me desfiz desse pensamento.
Ela olhou ao redor enquanto se preparava para dar ré, e finalmente olhou em minha direção. Ela olhou para mim por apenas meio segundo, e tudo o que consegui ler em seus olhos foi  surpresa, antes dela virar os seus olhos pro outro lado e passar a marcha ré. E então freou repentinamente, e a traseira da caminhonete ficou a alguns centímetros de bater no carro de Erin Teague.
Ela deu uma olhada no espelho retrovisor, sua boca aberta com o constrangimento. Quando o outro carro passou por ela, olhou todos os pontos cegos duas vezes e então saiu da área do estacionamento tão cuidadosamente que isso me fez sorrir. É como se ela pensasse que sua caminhonete decrépita fosse perigosa.
O pensamento de Bella Swan poder fazer mal a qualquer um, não importa que ela estava dirigindo, me fez rir quando passou por mim, olhando fixamente.


(Imaginação de Edward atacando Bella)

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